Meme – Dia Z

“FILHA DA PUTA” – Tpash…

“Hehe, e mais uma vai para o chão!” Imaginei eu logo após dar uma boa tapa numa das muriçocas que me tiravam a paciência.

Tinha acabado de falar com a esposa no smartphone quando faltou energia elétrica no prédio onde trabalho [ou trabalhava].

Como de costume, olhei para ambos os lados e chamei o cachorro que me ajudava a fazer a segurança do prédio.

_ Raio, vem rapaz. Que merda hein cara?! Faltar energia justo na hora do “Vesgo e Sílvio”. Incrível. Esse deve ser o único órgão do Estado em Acaraú, com grandes aparelhos eletrônicos, que não tem um gerador.

Parei e foquei a lanterna na cara do cachorro com a falsa esperança de ele me responder alguma coisa e pensando logo depois que: “passar muitas noites só com o cão estava me deixando louco”.

_ Realmente é uma merda!

Com a lanterna na mão esquerda e o revolver 38 ainda no cinto, abotoei minha farda e, como de costume, conferi todas as portas. Ao chegar à última, focalizei na cara do Raio novamente e disse:

_ Agora vou me trancar naquela sala [apontando para ela] e você me avisa qualquer coisa. Ok?

Eu realmente esperei que ele me respondesse, nem que balançando a cabeça positivamente. Mas ao começar a andar tudo voltou a funcionar e eu lamentei ter que ficar no mesmo lugar de sempre.

Raio, com a audição muito melhor que a minha, deu o típico sinal de que algo estava errado, mas eu o ignorei, pensando que fosse aquele maldito gato azucrinando de novo. [Agora sei que devia ter rezado para que fosse o bendito gato]

O cachorro fez o mesmo sinal novamente e eu o mandei ir atrás do gato, mas quase ao mesmo tempo em que eu terminava a frase, olhei para a direita e vi um semblante no escuro.

Lembro-me que procurei a arma o mais rápido possível, mas me atrapalhei com a abotoadura do cinto e se fosse alguém armado, eu tava morto agora.

Quando a saquei, eu apontei para o indivíduo, ainda no escuro produzido pela sombra de uma das paredes mal posicionadas do prédio.

_ SAIA DAÍ E MOSTRE AS MÃOS. VIRE DE COSTAS E SE APROXIME, VAGABUNDO! [reação padrão de qualquer segurança nessa situação. Devo lembrar-me de repassar isso ao meu supervisor, caso eu ainda o veja].

Estranhei na hora, pois vi que o vagabundo só obedeceu a ultima parte da ordem. Veio na minha direção e eu não tive escolha. Atirei no peito do desgraçado e ele caiu de costas. O cachorro se assustou com o estampido do tiro e correu para se esconder atrás de mim.

Quase que por instinto, peguei o smartphone e teclei a discagem rápida para a polícia. Como o indivíduo não se movimentou, fui até a recepção e tranquei um dos portões do meu cubículo .

_ “Polícia, boa noite.”.

Ao ouvir o atendente, tomei um susto com o homem baleado chegando de repente no portão que eu tinha acabado de fechar e o smartphone caiu no chão. Confesso que fiquei atordoado na hora, pois finalmente vi o rosto do invasor.

Sua pele cinza dava um contraste ainda maior aos ferimentos de seu corpo. Um furo no peito, na altura do coração [não sabia que atirava tão bem… Ou foi sorte?… Deve ter sido sorte.]. Seu único olho, amarelado, me observava como se eu fosse uma suculenta lasanha e suas mãos carcomidas balançavam o portão que eu tinha acabado de fechar. Suas roupas ensangüentadas aumentavam ainda mais a minha repugnância por ele.

Atrás dele, o cachorro latia, mas para uma direção diferente.

“Mais de um?… Então os zumbis existem de verdade?… PUTA QUE O PARIU, por que eu não acreditei nos blogueiros? Porra, a polícia não poder me ajudar.”

Peguei o smartphone no chão, desliguei e corri para o outro portão do cubículo. Olhando para trás, vi por onde eles entravam. No canto nordeste do muro já tinha um amontoado deles.

*****

O grito do cachorro, misturado com um choro de dor me fez perder a esperança de que ele viesse comigo. Abri o segundo portão e, antes que eu saísse, duas mãos seguraram meu braço direito e fez a arma cair no chão. Exatamente no pé daquele maldito sugador de carne humana.

“Pego a arma ou fujo logo?”. Quase no mesmo instante em que pensei o pé de uma mulher com as mesmas características chutou a arma mais para distante de mim [parece que foi sem querer] e eu corri sem pensar em mais nada na direção do meu armário. Peguei uma carteira de cigarro, a chave da moto, minha mochila [com meu Gurps Módulo Básico, meu Gurps Viagem no Tempo recém adquirido e o caderno onde faço as anotações da aventura que costumava mestrar para meus amigos].

Corri até a moto, a liguei rapidamente e disparei na direção do portão da frente. Saí sem maiores dificuldades e quando cheguei na ponte do Rio Acaraú, parei e liguei para a Girlene.

_ Amor, tranca todas as portas da casa, apaga as luzes e fica trancada no nosso quarto com a Lizzandra. – Eu esperei a resposta dela e ela parecia ofegante. Talvez ela já tenha feito o que lhe mandei antes mesmo de eu ligar. _ Quando eu buzinar três vezes, você corre e abre o portão. – Sabendo que ela tinha entendido, desliguei. Coloquei o fone, liguei pro Emilson [RPG Sem Compromisso] e saí em direção à minha casa.

Depois de falar com o Emilson, meu smartphone chamou. Atendi e era o meu xará Alexandre do RPGista.com. Só que ele me avisou com um pouco de atraso. Agradeci assim mesmo e pedi pra ele ter cuidado com ele e a esposa.

Cheguei perto de casa e vi que o portão e estava cheio de zumbis tentando entrar. Buzinei três vezes e acelerei o máximo que pude na curta distância da esquina até minha casa. Só sei que joguei a moto no zumbis e deu tempo de eu me levantar e sair mancando para dentro de casa, com a esposa no portão chorando.

_ Calma amor! Calma!

Abracei-a forte e fui ver minha filhinha.

Agora todas as portas estão trancadas e eu tô na minha cama.

_ Pára de chorar, viu amorzinho, ou o papai vai ficar doido.

Smartphones com acesso à internet continua sendo a tecnologia que mais gostei na última década.

Acabei de ligar pro Alex [Rapsódia] e ele me parecia nervoso. A girlene foi pegar álcool e material para fazer um curativo. Eu nem vi, mas meu braço direito está ferido. Agora não sei se foi na queda da moto ou na hora que aquele safado tirou a arma de mim. Mas estou preocupado, pois não está sangrando e me recordo bem da foto do dedo, que o Antônio Sá do Pop Dice mandou, sem sangramento.

Acho que vou dormir um pouco. Devo estar cansado ou tonto. Não sei. Trabalho noturno causa muita estafa e talvez seja só isso.

Me pergunto até agora se aquela maldita zumbi chutou meu revólver de propósito. Deve ter sido impressão minha aquele sorriso safado na cara daquela vadia… Ou estarão adquirindo inteligência?

***

Obviamente essa não é uma história real. É um meme excelente proposto pelo Antônio, do Pop Dice, e quem me convidou foi o Alexandre do RPGista.com.
Meus convidados são o Emilson [RPG Sem Compromisso] e o Alex [Rapsódia]. Torço muito por ambos, mas acho que a esfera blogueira está em seus últimos dias…

O D3 organizou os posts que já aconteceram. São ótimos:

http://www.popdice.com.br/2009/01/z-meu-ultimo-post-enquanto-100-vivo/

http://vorpal.valinor.com.br/?p=456

http://www.dot20.com.br/2009/01/06/lock-and-load-sobrevivendo-ao-fim-do-mundo/

http://www.amatilha.com.br/blog/dia-z/

http://valberto.wordpress.com/2009/01/07/meme-do-dia-z/

http://pensotopia.wordpress.com/2009/01/07/z-de-zona-morta/

http://dadoslimpos.criandorpg.com/meme-virus-z-3-problemas/

http://www.inominattus.com/?p=883

http://d3system.com.br/category/dzsystem/ – Excelente! Com vídeos e tudo mais!

http://urinadedragao.wordpress.com/2009/01/26/o-que-e-o-dia-z/

http://www.rpgista.com.br/?p=542

http://newtonrocha.wordpress.com/2009/01/29/meme-dia-z-zumbis-invadem-a-dungeon-nitrodungeon/

http://www.covil.org/?p=727

http://contosderpg.wordpress.com/2009/01/16/ferias-do-barulho/

Se você quiser participar, não espere ser convidado! Escreva como você sobreviveu ao Dia Z e mande o link (mas não esqueça de linkar o Pop Dice, que começou a história)!

5 pensamentos sobre “Meme – Dia Z

  1. pqp…espero q não estejam desenvolvendo inteligência, senão ferrou de vez.

    O nome do teu cachorro é raio/bolt? Manda ele dar o superlatido!

  2. Tsu, o único problema é que eu não tô afim de ir buscar ele cara. Depois do gemido que ele deu [você deveria ter ouvido…] não acho que ele teve a mesma sorte que eu de chegar pelo menos em casa.

    Vo ficar na espera que alguém possa vir me ajudar, por que não saio daqui sem minhas esposa e filha…

  3. Pingback: Os zumbis estão por todos os lados… « Zona Neutra

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